Estava com os pensamentos longe,
completamente distraída,
pensava em tudo, mas não pensava em nada,
quando aquela canção começou a tocar na rádio
e absorve me completamente,
senti na pele um arrepio, uma sensação de bem estar,
fez lembrar me da minha infância,
dos cheiros dos acepipes da minha avó,
o barulho do riacho, que corria próximo a casa,
a família reunida em volta da mesa para as refeições,
e as conversas intermináveis de madrugada com os primos,
as brincadeiras, os namoricos...
pela manhã, acordar com o som da minha avó
a chamar pelas galinhas
e o barulho do milho a se espalhar pelo chão,
levantávamos sempre bem dispostos, para ver aquela confusão,
alimentar os porcos, tirar o leite das vacas,
cheguei a sentir o cheiro do campo a entranhar se
numa profunda respiração de saudades,
tempos que já lá foram
e se tornaram tão importantes e preciosos,
estes pequenos momentos que o dinheiro
não pode comprar, não pode mandar buscar,
e que marcam a nossa vida,
onde uma singela música trás nos sensações que nos faz levitar,
para mim a melhor das meditações,
a música acaba, entro em um suspense momentâneo,
e volto ao presente, dando mais importância
aos detalhes que me rodeia,
para no futuro também serem lembradas
com a mesma intensidade,
com uma sede, uma fome de viver e absorver
tudo de bom dessa vida,
porque hoje é o amanhã, que iremos recordar.
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